Graças aos dividendos das estatais, o Governo
Central – Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – cumpriu a meta
de superávit primário estipulada para o primeiro quadrimestre (janeiro a
abril). Segundo números divulgados há pouco pelo Tesouro Nacional, o esforço
fiscal nos quatro primeiros meses do ano somou R$ 29,660 bilhões, 8,7% a mais
que no mesmo período do ano passado. A meta de superávit primário estabelecida
para o quadrimestre era R$ 28 bilhões.
O cumprimento da meta fiscal no primeiro quadrimestre, no entanto, só foi
possível porque o Tesouro Nacional obteve R$ 8,231 bilhões de dividendos de
estatais entre janeiro e abril, valor oito vezes superior ao registrado no
mesmo período de 2013 (R$ 1,008 bilhão). Apenas em abril, foram R$ 2,341
bilhões, a maior parte da Petrobras. Os dividendos são a parcela do lucro que
as empresas destinam aos sócios e proprietários. No caso das estatais, o maior
acionista é o Tesouro Nacional.
O superávit primário é a economia de recursos
para pagar os juros da dívida pública. O esforço fiscal permite a redução do
endividamento do governo no médio e longo prazos. Para este ano, a meta do
Governo Central é economizar R$ 80,8 bilhões, equivalentes a 1,55% do Produto
Interno Bruto (PIB, soma das riquezes produzidas no país). Os estados e
municípios deverão fazer esforço fiscal de R$ 18,2 bilhões – 0,35% do PIB. No
total, o superávit primário do setor público deverá fechar o ano em R$ 91,306
bilhões – 1,9% do PIB.
Apenas em abril, o Governo Central registrou
superávit de R$ 16,597 bilhões, mais que o dobro dos R$ 7,337 bilhões
economizados no mesmo mês do ano passado. O resultado é o melhor para o mês
desde 2010, quando o esforço fiscal tinha somado R$ 16,6 bilhões. No acumulado
do ano, o esforço fiscal é superior ao de 2013, mas ainda é 36,6% menor que o
registrado nos quatro primeiros meses de 2012 (R$ 46,799 bilhões).
Diferentemente dos últimos meses, quando os
gastos cresciam mais que a entrada de recursos, o resultado de abril indicou um
equilíbrio entre a evolução das despesas e das receitas. A receita líquida do
Governo Central cresceu 9,9% no primeiro quadrimestre, na comparação com o
mesmo período do ano passado, contra aumento de 10% nas despesas totais. Os
gastos de custeio (manutenção da máquina pública) aumentaram 15,3%. Por causa
de acordos de reajustes salariais fechados em 2011, e as despesas com o
funcionalismo cresceram 6,7%.
Em 2014, os investimentos federais – que englobam
gastos com obras públicas e compras de equipamentos – voltaram a crescer mais
que o custeio, ao contrário do que vinha ocorrendo até 2013. Os investimentos
acumulam alta de 19,1%, passando de R$ 23 bilhões, de janeiro a abril do ano
passado, para R$ 27,4 bilhões no mesmo período deste ano. No primeiro
quadrimestre, as despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
aumentaram ainda mais, passando de R$ 15,4 bilhões para R$ 19,9 bilhões na
mesma base de comparação – salto de 29,2%.
Fonte: Agência Brasil